A minha versão sobre a defesa do mestrado

Quando você entrega todas as cópias do mestrado exigidas pelo PPGCOM, também entrega um formulário indicando quem estará na banca, os suplentes da banca e a data da defesa. O meu formulário tinha uma data fictícia porque isso ainda não havia sido combinado com a banca – e a data fictícia era 24 de setembro.

Só que a defesa teve que ser adiada e, enquanto a data não era fechada, ninguém avisou a secretaria de pós. Eis que no dia 24 de setembro, às 9 e alguma coisa da manhã, a secretária liga no meu celular e pergunta: “Você não ia defender o mestrado hoje?”…

No fim, a defesa ficou para um mês depois da data fictícia. Hoje, 29 de setembro, às 9:30. Às 8:30, entro na secretaria de pós pedindo para abrir a sala para testar se a apresentação funcionava. A secretária diz “Mas você não vai defender hoje!”.

O.o

Sim, fui punk’d pela secretária do PPGCOM. Não faça isso comigo hoje, pessoa!

Passado o momento de vingança, a sala foi aberta, o notebook funcionou direito com a televisão LCD pendurada na parede (datashow is so yesterday) e até que a defesa do mestrado teve público.

Ok, uma parte significativa do público era formado de pessoas da minha família, mas é para isso que serve a família. E também teve representantes dos jormats 2001 (sim, somos especiais) e da ECA e do IAG e… é, acho que era isso.

Começando a apresentação (já que tinha “público”), usei PowerPoint. Eu sei, eu sei. PowerPoint serve mais para o apresentador do que para o público. Mas era um momento tenso e eu precisava da muleta. Se você quer tirar sarro da minha dependência, pode baixar o arquivo (.pptx) e imaginar uma pessoa só um pouquinho histérica tentando parecer convincente.

A banca foi a mesma da qualificação: José Coelho Sobrinho (orientador, ECA), Sandra Maria Ribeiro de Souza (ECA) e Clice de Toledo Sanjar Mazzilli (FAU). Seguiu-se todo o protocolo: primeiro fala quem veio de mais longe, por último fala o orientador; primeiro elogiamos e depois questionamos; orientador defende o trabalho e assume a culpa.

Enquanto a banca apontava coisas que teriam funcionado melhor, você percebe que como faz bem ficar uns meses longe do trabalho e dar alguns passos para trás.

Porque, de verdade, naquela correria (e sempre é correria) de finalizar tudo, você perde toda a noção. Quando entreguei as cópias impressas, não conseguia decidir se estava bom ou se estava ruim e estava completamente incapaz de perceber problemas (mesmo sabendo que eles estavam lá). Acho que essa incapacidade mental é que me fez inventar outras coisas para fazer – como organizar listas de tabelas e montar o pseudo índice remissivo.

Mas, voltando à defesa, concluímos (eu concluí, pelo menos) que ainda existe um monstrinho jornalista morando dentro de mim (dividindo espaço com o ogro fominha) e que eu devia estar muito lesada quando resolvi não colocar exemplos no meio da análise. Pois é…

Aí vem o momento de suspense para decidirem se o trabalho foi aprovado (sim, foi), seguido da sessão de awkward hugging. Não sei abraçar pessoas, sinto muito. Até levei algumas ombradas nas tentativas.

Enfim, foi basicamente isso. O fim do meu relacionamento mais longo ever. Adeus, mestrado. Sentirei sua falta. Procuro substitutos na forma de doutorado, chocolate e série de TV.

1 Comentário »

  1. Iana disse:

    Viva!
    Meu pai também foi professor de matemática (isso é de outro post, né.)

    Parabéns e que venham os chocolates, por favor!

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But I digress…

Voltando ao infográfico, vamos concordar que os três primeiros itens são super didáticos e ajudam analfabetos funcionais como eu:

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O.o

Sim, fui punk’d pela secretária do PPGCOM. Não faça isso comigo hoje, pessoa! Continue lendo »

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