Blurb

Acho importante saber algumas coisas sobre quem está falando. O currículo Lattes ajuda, claro. Você acaba de descobrir que eu não participo de eventos e não colaboro em nada com o índice de publicações da ECA, por exemplo.

Mas o Lattes não diz muita coisa.

Às vezes você descobre que deu atenção demais para uma pessoa que não entende o significado da palavra “entonação”. Às vezes você descobre que deu ainda mais atenção para uma pessoa aberta demais a livros psicografados. Às vezes você descobre que certas pessoas não têm nenhum constrangimento na hora de colocar badges ou comunidades em qualquer rede social. Você quer me dizer que isso não muda o que você pensa sobre elas? Tudo bem. Todos nós adoramos um palestrante que diz que a sala está “literalmente explodindo”, que repete “certo?” a cada cinco frases e que usa um topete postiço.

Escrevi meu primeiro blurb quando tive um artigo selecionado para o livro Inside Joss’ Dollhouse. O livro é sobre uma série de TV meio ficção-científica-cabeça – por isso, quis esclarecer minhas preferências e meu grau de geekiness:

A jornalista brasileira Luciana Hiromi Yamada da Silveira, 27, faz pesquisa em Comunicação e assiste televisão demais. Ela é fã de ficção científica desde que conheceu “De Volta para o Futuro” em 1989 e aceita certo grau de paradoxo no tempo e som no espaço sideral, mas não gosta muito do uso excessivo de maquiagem prostética.

Agora você sabe o que eu faço nas horas livres (assisto televisão e analiso tudo obsessivamente), mas tem sérias dúvidas sobre o meu mestrado. Então vamos resumir minha posição sobre jornalismo e infografia:

Luciana H Y Silveira adorava matemática, mas estudou Jornalismo porque é obcecada por notícias. Reclama e finge que não gosta, mas sente uma pontinha de felicidade quando dá informações sobre qualquer coisa – quanto foi o jogo, onde fica o prédio da Letras, qual foi a relação candidato/vaga do curso de Jornalismo na Fuvest passada.

Passou uns 2 anos escrevendo notas sobre a vida alheia e descobriu que não quer mais saber da saúde mental da Britney Spears ou da ficha policial do Pete Doherty. Tentou fazer alguns frilas “sérios” e descobriu que não gosta de fazer reportagens. Mas voltou para a ECA mesmo assim – e acha que se encontrou na pesquisa.

Já fingiu que era designer, já fingiu que era webdesigner e um dia soube desenhar retratos e fazer trabalhos com giz pastel (mas agora só faz rabiscos feios com caneta). Já achou que a infografia era a resposta para o universo (não é), mas ainda fica feliz quando encontra um infográfico realmente interessante (são raros). Defende que fazer infográfico é como fazer reportagens – e que infográficos realmente interessante são raros porque não são feitos como reportagens (e porque reportagens realmente boas também são poucas).

(Como não gostou de fazer reportagens, não pensa em fazer infográficos.)

Atualmente, trabalha com comunicação interna e assessoria de imprensa no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, e prepara projeto de pesquisa sobre ensino de matemática em faculdades de jornalismo.

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Modelo de caracterização de infográficos: uma proposta para análise e aplicação jornalística

O infográfico é uma ferramenta jornalística marcada pela quebra da linearidade do texto escrito e pela organização gráfica do conteúdo, com o objetivo de promover interesse e compreensão. Nos últimos anos, diagramas menos ilustrativos e mais analíticos vêm marcando um período de mudanças em sua produção. Esta pesquisa propõe um modelo para caracterização e avaliação de infográficos em contextos acadêmicos e jornalísticos, com a finalidade de orientar sua produção. O modelo foi testado como guia de análise de conteúdo, gerando conjunto de dados sobre o uso do recurso em veículos noticiosos brasileiros.

Palavras-chave: Comunicação visual. Jornalismo. Design gráfico. Linguagem jornalística. Análise de conteúdo.

Mestrado (PDF)

Onze mil, quatrocentos e dezessete

Dei de cara com este infográfico nesta semana: Continue lendo »

A escala e a ilusão de óptica

*não há escala fixa de anos/cm

Se alguma coisa da minha dissertação chamar a atenção, provavelmente será a dedicatória bonitinha linha do tempo com a evolução da escrita, do jornalismo e de técnicas e tecnologias de representação visual. Mas existe uma coisa um tanto incômoda naquelas dez páginas: elas estão fora de escala.

Pois é, eu lamento muito – mas acabou sendo impraticável começar em 200.000 aC e chegar até o século 21 respeitando qualquer tipo de escala. Alguns períodos, como o intervalo entre 200.000 aC e 10.000 aC, se tornariam páginas e páginas em branco para que as informações dos séculos 17, 18 e 19 ficassem adequadamente distribuídas. Continue lendo »

Self-description

Self-description (XKCD)

Self-description (XKCD)

Um pouco de beleza

Diagram of the causes of mortality in the army in the East, de Florence Nightingale

Eu já falei que meu pai era professor de matemática? Bom, meu pai era professor de matemática. Lá pela oitava série, ele me dava reforço de Geometria nas manhãs de sábado porque “nunca dá tempo de chegar em Geometria na escola pública”.

Se você tem horror a Matemática, deve estar indo agradecer ao seu pai por não ter inventado aulas particulares para você. Mas, honestamente, não era ruim. Primeiro porque meu pai sempre foi compreensivo e aceitava modificar o horário da aula quando eu queria assistir treino de classificação de Fórmula 1. E também porque eu sempre gostei de Matemática. De verdade.

Lá pelo Ensino Médio, eu entendia que uma solução era bonita – mas não entendia que um soneto era bonito.

Lembrei disso quando estava assistindo “The Beauty of Diagrams”, uma série da BBC Four em seis episódios sobre diagramas célebres. Não viu? Procure. Dá para encontrar no Dailymotion.

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Sobre pizzas, tortas, queijos, maçãs e laranjas

Entenda a fraude do PanAmericano (infográfico: Editoria de Arte/Folhapress)

Algumas semanas atrás, quando a cobertura sobre o banco PanAmericano estava lá em cima, lembro de ter encontrado um infográfico na Folha Online explicando o que havia causado a crise. Também lembro de ter achado os primeiros pontos fantásticos, porque eu não tinha entendido nada sobre aquilo.

Para falar a verdade, eu só tinha lido com alguma atenção aquela entrevista genial do Silvio Santos dizendo que não sabia quem era o “Elque” Batista. Mas entender economia não é exatamente uma das minhas habilidades (ao contrário, por exemplo, de Google Olympics), então era provável que eu não teria entendido nada sobre aquilo mesmo que tivesse acompanhado a história com mais vontade.

But I digress…

Voltando ao infográfico, vamos concordar que os três primeiros itens são super didáticos e ajudam analfabetos funcionais como eu:

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A minha versão sobre a defesa do mestrado

Quando você entrega todas as cópias do mestrado exigidas pelo PPGCOM, também entrega um formulário indicando quem estará na banca, os suplentes da banca e a data da defesa. O meu formulário tinha uma data fictícia porque isso ainda não havia sido combinado com a banca – e a data fictícia era 24 de setembro.

Só que a defesa teve que ser adiada e, enquanto a data não era fechada, ninguém avisou a secretaria de pós. Eis que no dia 24 de setembro, às 9 e alguma coisa da manhã, a secretária liga no meu celular e pergunta: “Você não ia defender o mestrado hoje?”…

No fim, a defesa ficou para um mês depois da data fictícia. Hoje, 29 de setembro, às 9:30. Às 8:30, entro na secretaria de pós pedindo para abrir a sala para testar se a apresentação funcionava. A secretária diz “Mas você não vai defender hoje!”.

O.o

Sim, fui punk’d pela secretária do PPGCOM. Não faça isso comigo hoje, pessoa! Continue lendo »

Defesa do mestrado

Convite para a defesa do mestrado: 29/10, às 9:30, na ECA

(Uma parte da) história da infografia

Dez páginas da minha dissertação são ocupadas por uma linha do tempo relacionando a evolução da escrita, o desenvolvimento de técnicas de reprodução de textos e imagens, a representação gráfica do conhecimento e o infográfico. Isso reforça que a infografia não pode ser estudada fora desse contexto (sim, terei que usar esta palavra:) multidisciplinar – porque o infográfico que encontramos hoje em veículos jornalísticos só existe nessa forma como resultado desses e de tantos outros pontinhos na história. Continue lendo »

O conteúdo contra a forma

<a href="http://www.youtube.com/watch?v=TQQ6SfPZggw?hl=en"><img src="http://infografia.lhys.org/wp-content/plugins/images/play-tub.png" alt="Play" style="border:0px;" /></a>

Lembro de três músicas do DVD de casamento do meu irmão: “Love is all around”, “What a girl wants” e “One”.

A primeira foi a música que meu irmão pediu para a banda tocar quando eles entrassem no salão. E fazia sentido. Não porque você associa com uma comédia romântica que tem “casamento” no título e na qual o mocinho e a mocinha ficam juntos, mas porque é uma música sobre estar apaixonado e saber que é de verdade e que não é só agora.


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